Pôster do filme “Criação” (Creation) - baseado no livro “Annie’s Box”, escrito por Randal Reynes, tataraneto de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A cada ano, 3 milhões de africanas correm o risco de ter o clitóris removido

As estimativas da Unicef indicam que existem no mundo entre 70 e 140 milhões de mulheres que tiveram o clitóris removido, sendo que só na África três milhões de meninas correm o risco de sofrer mutilação genital, uma prática, porém, que começa a ser questionada.
Os dados são do relatório "A dinâmica da mudança social: rumo ao abandono da mutilação genital feminina em cinco países africanos", publicado pela Unicef nesta quarta-feira.
O relatório apresenta o levantamento de experiências realizadas no Egito, Etiópia, Quênia, Senegal e Sudão para acabar com uma prática que não só atenta contra os direitos humanos básicos das meninas e mulheres, mas que deixa ainda sequelas psicológicas e físicas irreparáveis, como hemorragias, infecções urinárias, complicações durante o parto e alta mortalidade de recém-nascidos.
A incidência de remoção do clitóris entre mulheres de 15 a 49 anos no Egito é de 91%; de 89% no Sudão; de 74% na Etiópia; de 28% no Senegal; e de 27% no Quênia.
Com relação ao número de mulheres de 15 a 49 anos que consideram que a prática deve se perpetuar, levando em conta dados de alguns anos atrás e o levantamento mais recente, 82% das egípcias eram a favor da prática em 1995, número que caiu para 63% em 2008.
No caso do Sudão, o índice era de 79% em 1989 e caiu para 51% em 2006; na Etiópia, 60% em 2000 e 31% em 2005; no Quênia, 20% em 1998 e 9% em 2009; no Senegal, 18% em 2005, sem que haja números comparativos mais recentes.
O relatório reconhece que, "apesar dos progressos realizados nas comunidades estudadas, as taxas de prevalência são elevadas".
O documento, no entanto, destaca que "os méritos da prática são questionados e que muitos indivíduos prefeririam, se as circunstâncias permitissem, não ter de submeter suas filhas, esposas, irmãs e primas à mutilação genital".
"A escolha de uma família de praticar ou abandonar a ablação do clitóris é influenciada por importantes sanções sociais, positivas ou negativas", assinala Gordon Alexander, diretor do Centro de Pesquisa Innocenti, responsável pelo relatório.
Os diferentes trabalhos de campo realizados nos cinco países não apresentam uma resposta única em relação aos avanços na erradicação da prática, dada a importância do contexto sócio-cultural de cada país, e inclusive de cada comunidade em um mesmo Estado.
No entanto, foram detectados elementos comuns que contribuíram para a erradicação da prática, ou pelo menos para a incipiente rejeição.
"Estes elementos não são suficientes por si próprios para instigar à mudança, mas juntos podem levar a processos de transformação", diz o relatório.
Alguns deles são: a decisão não depende apenas dos progenitores, que levam muito em conta a opinião dos líderes locais, políticos e religiosos; as comunidades devem sentir que a mudança é do seu próprio interesse e estar convencidas disso sem a interferência de estrangeiros.
Além disso, se deve levar em conta a cultura local sem repeli-la, além de unir a educação em direitos humanos aos valores e aspirações locais.
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http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4797744-EI294,00-A+cada+ano+milhoes+de+africanas+correm+o+risco+de+ter+o+clitoris+removido.html

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